sexta-feira, 4 de junho de 2010

ETAPA - 08

ETAPA - 8

Aula-tema: Romantismo no Brasil – momento histórico e características. As três
gerações poéticas. Principais autores na prosa.
Na maior parte das obras de referências sobre o romantismo no Brasil, a produção poética está dividida em três gerações com características individuais bem definidas. A primeira estaria voltada para o estabelecimento de uma língua literária distinta da matriz portuguesa e, ao mesmo tempo, na sedimentação de uma identidade nacional baseada, principalmente, na valorização da cor local e do índio. A segunda, genericamente chamada de byroniana ou ultra-romântica, privilegiaria a voz poética menos épica e nacionalista em prol da fixação da
individualidade às vezes doentia, deprimente, mas também ingênua, cotidiana e abertamente irônica. A terceira geração, conhecida como condoreira, embora trazendo à cena um sensualismo desconhecido da anterior, fixaria seus traços mais fortes em certo liberalismo político, na observação e interferência social.

Passo - 01

Passo 1 - Gonçalves Dias (1823-1864) enquadra-se na primeira geração do nosso romantismo.
Sua obra, de fato, opera ainda hoje como espécie de estrela guia no céu da poesia brasileira, sobretudo quando esta procura suas origens nacionalistas tanto nos temas quanto na língua literária. O poema abaixo, no entanto, mostra o poeta manejando elementos típicos de mais de uma geração. Em sua opinião quais seriam eles? Para conhecer mais o autor:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=13 - Acessado em 07 de dezembro de 2009.


SE SE MORRE DE AMOR!

Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Se tal paixão porém enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d'êxtases puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;
Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!
Esse, que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!

O poema tem estilo byroniano, é uma poesia individualista com excesso de subjetividade. O lírico amoroso ressalta o momento medieval do cavaleirimo; caracteriza-se pelo domínio do amor melancólico.
O sentimento é confundido pelas suas experiências não tão felizes, parece que ele é submisso e serve a dama que ama, assim como quem é capaz de tudo por amor, mesmo que não a tenha ou não a veja, ou ainda, que não tenha coragem de declarar-se.

Passo - 02

Passo 2 - Considerando o que foi solicitado como tarefa para o passo 3 da etapa n º 7, realize a mesma análise comparativa, mas, agora, sobre a relação amorosa estabelecida entre as personagens Iracema e Martin Soares Moreno, do romance Iracema (1865), de José de Alencar (1829-1877). Para tanto, você deve necessariamente levar em consideração a tendência nacionalista inaugurada pelo romantismo brasileiro, notando, assim, o quanto nossos escritores traduzem localmente muitos dos temas vindos a partir de Portugal. Para ler o romance de José de Alencar: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2029 - Acessado em 07 de dezembro de 2009.

A relação amorosa entre Iracema e Martim é a representação da união das duas raças, portuguesa e brasileira. Os feitos heróicos dos portugueses são exaltados na figura de Martim, mas também Iracema é transformada em heroína, pois a história é narrada sobre o seu ponto de vista, privilegiando os sentimentos do índio e não os do colonizador. É um romance épico narrado em 3ª pessoa mas também com muitas características líricas, diríamos que é um romance quase poesia, onde o autor tenta captar o mundo selvagem do indígena, tal qual ele é, tentando construir uma linguagem brasileira através do uso de termos indígenas. O romance é cheio de simbolismo,e metáforas, onde Iracema representa a terra brasileira(o próprio nome Iracema é anagrama de América) , virgem e exótica que ao se entregar para Martim(colonizador) permite a sua própria destruição.
Nas duas obras há a interferência de uma bebida mágica (presença do maravilhoso) que causa a transgressão social, o licor de jurema, uma espécie de alucinógeno utilizado pelos indígenas e a poção mágica que fez com que Tristão e Isolda se apaixonassem.Também o embate entre o amor paixão e o sofrimento, estão presentes em ambas as obras.O amor cortês, que leva Tristão à vassalagem amorosa também faz de Iracema escrava de seu amor. Não existe a morte platônica, como na lírica trovadoresca, nas duas obras a morte acontece realmente. Em Tristão e Isolda os dois morrem um pelo outro, em Iracema e Martim, apenas ela se entrega à morte; a morte aqui é voluntária, com caráter nobre, capaz de superar todos os obstáculos. O erotismo e a sexualidade também estão presentes entre ambos os casais, mas entre Iracema e Martim a sexualidade visa também a reprodução que tem caráter social, político e econômico, pois seu fruto (Moacir, filho de Iracema e Martim) é a representação da miscigenação. Enfim, a relação amorosa dos casais em foco, é marcada pela dor, pelo sofrimento e inquietude que levam os casais a encararem sem medo o drama existencial.


BIBLIOGRAFIA

Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/fo/ojs/index.php/famecos/article/viewFile/859/646
- Acesso em: 26 maio 2010.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ETAPA - 07

ETAPA - 7

Aula-tema: Romantismo em Portugal - momento histórico e características. Garrett. Castelo Branco. Herculano. Julio Dinis.
Esta atividade é importante para que você compreenda, por um lado, uma das obras fundantes do romantismo português e, por outro, também perceba a relevância da retomada dos temas e de algumas características medievais no período. Para realizá-la é importante seguir os passos descritos.

Passo - 01

Passo 1 - A partir da leitura da História da Literatura Portuguesa, de Antonio José Saraiva, um dos livros de nossa bibliografia, comente o papel fundamental do romance Viagens na Minha Terra (1846), de Almeida Garrett (1799-1854), no cenário do romantismo português.
Para leitura do texto literário: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1720 - Acessado em 07 de dezembro de 2009.

As características da obra tomam o espaço principal da história contada em um romance de amor, narração novelesca em torno de Carlos, Frei Dinis e Joaninha, que se passa em 1932, narrada por Almeida Garrett. O mesmo Almeida é o cronista narrador participante, no tempo histórico do séc. XIX, quando à ação decorre durante uma viagem que Garrett faz de Lisboa a Santarém, além de discorrer sobre a paisagem, seus devaneios, o levam até este romance. É uma história real publicada em 1846, com pontos modernistas da prosa literária portuguesa, quando mistura estilos e gêneros por ressaltar ora uma linguagem popular ora clássica, ora jornalística ora dramática. O narrador exerce extrema vivacidade de expressão e imagem.
O papel fundamental de Almeida Garret no cenário do romantismo português,
“...valem também pela análise da situação política e social do país e pela simbologia que Frei Dinis e Carlos representam: no primeiro é visível o que ainda restava de positivo e negativo do Portugal velho, absolutista; o segundo representa, até certo ponto, o espírito renovador e liberal. No entanto, o fracasso de Carlos é em grande parte o fracasso do país que acabava de sair da guerra civil entre miguelistas e liberais e que dava os primeiros passos duma vivência social e política em moldes modernos”. (Por: Isabel Fontes) no site: http://www.mundovestibular.com.br/articles/4367/1/VIAGENS-NA-MINHA-TERRA---Almeida-Garret-Resumo/Paacutegina1.html

Sua obra analisa uma época real do livro “Viagens da Minha Terra”, pois o momento histórico é inserido pelo autor (Almeida Garrett) e vivenciado pelos personagens no decorrer de toda a idéia do livro. Isso nos revela um acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra.

Bibliografia:

Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/articles/4367/1/VIAGENS-NA-MINHA-TERRA---Almeida-Garret-Resumo/Paacutegina1.html
- Acesso em: 26 maio 2010.

Passo - 02

Passo 2 - Não são poucos os críticos a sublinhar a tensão entre características românticas e clássicas na obra Almeida Garrett. Nos capítulos 05 e 06 de Viagens na Minha Terra, encontre e comente elementos que justifiquem tal opinião da crítica.

Em “Viagens na minha terra”, há uma contradição interna das personagens, que nos leva à percepção de que o texto tem marcas românticas que se recusam a seguir moldes clássicos.
A dualidade sentimental e vivencial do autor, também contrapõe o amor idealizado à pátria e ao desalento resultante da observação da realidade.
O autor relata a oscilação entre a razão e o sentimento típico da época, buscando expressar o conflito do romântico frente a um mundo visto pelo classicismo, numa mistura de diversos gêneros.
Nos capítulos 05 e 06 de sua obra, os elementos que justificam essa opinião crítica, seria a Transição Clássica: Orfeu e o bosque de Mêlano.
Nós vemos que os capítulos 05 e 06 são bem distintos: um é predominantemente clássico (elementos como campos, pastos etc) e o outro predominantemente romântico (elementos como o crepúsculo etc).

Passo - 03

Passo 3 - Uma das características do período romântico é a retomada de temas medievais. A novela de cavalaria do século XII, Tristão e Isolda, abordada na etapa nº 2, é recuperada, direta ou indiretamente, ao longo da história da literatura. O chamado amor romântico, característico dos romances do século XIX, encontra suas origens no amor paixão do período medieval, aquele que se contrapõe ao amor cortês. Considerando a leitura do romance Amor de Perdição (1862), de Camilo Castelo Branco (1825-1890), faça uma análise comparativa sobre a relação amorosa estabelecida entre as personagens Tesesa Albuquerque e Simão Botelho e entre Tristão e Isolda. Leia a obra em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16586 Acessado em 07 de dezembro de 2009.

Tanto o casal Teresa de Albuquerque e Simão Botelho, quanto Tristão e Isolda, nutrem amor profundo um pelo outro, e são resistentes a toda sorte de obstáculos. Os empecilhos para alcançar a satisfação desse “amor-paixão”, são muito grande e eles não conseguem alcançar o que desejam em vida, a paixão é vencida pela desgraça, ou seja, morrem ambos os casais.
Tristão e Isolda possuem características de amor cortês, pois ela é casada com o rei e está hierarquicamente acima dele, então existe o impedimento moral e social para a união de ambos. Tristão se torna seu vassalo e por ela deixa de ser livre. Ele era um cavaleiro, por isso muitas vezes continha seu ímpeto e desejo usando de inteligência e habilidade para não macular o nome da “amiga” (amada), mas eles nutrem o amor paixão e há indícios da realização do ato sexual entre os dois. Ela a princípio é ingênua e sem malícia, mas ao final, em nome do amor, acaba se tornando sagaz, astuta e inteligente conseguindo enganar o rei em todas as tentativas de condenação. Ambos estão ligados pelo amor mas quanto mais se amam, mais se afastam e diante da impossiblidade de realização desse amor, se comprazem no sofrimento e se deixam levar pela morte.
Já o casal Teresa de Albuquerque e Simão Botelho, são ambos de famílias nobres, porém inimigas, o quê impede a consumação do amor entre os dois por meio do casamento, é um impedimento social. Ele também tem as características de um cavaleiro, apesar de no início do romance ser descrito como inconsequente, pois foi transformado pelo amor, tinha grande nobreza de caráter (O quê é comprovado quando se negou a fugir, após ter matado Baltasar), e era corajoso e fiel aos seus sentimentos e ideais, tanto que tentou raptá-la e nunca desistiu de seu amor, morrendo também, sem haver concretizado esse amor. Ela era uma adolescente aparentemente frágil porém muito forte e capaz de se contrapor à vontade de seu pai, em defesa de seu sentimento. Ela sofre acreditando na justiça divina, mas não obtem a realização de sua felicidade em vida e também morre por tanto amar.As tragédias que envolvem o casal são profundas e marcantes porque possuem traços autobiográficos do autor.
Em ambos os romances existe o antagonismo, eles vivem em conflito com a sociedade e inadaptados ao mundo porque lhes são impostos limites para a realização de seus sonhos e desejos, o que os levam a idéia de morte movida pela ausência da pessoa amada.


Bibliografia:

Disponível em: http://www.scribd.com/doc/22140115/Para-a-leitura-da-obra-Amor-de-Perdicao - Acesso em: 26 maio 2010.
Disponível em: http://www.freewebs.com/areaprojecto92/trabalhos.htm - Acesso em: 26 maio 2010.
Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/078/78damasio.htm - Acesso em: 26 maio 2010.