Passo 2 - Garcia de Resende (1470-1536), o compilador das poesias palacianas
contidas no Cancioneiro Geral, é quem inicia, na Literatura Portuguesa, o
tratamento poético do episódio acima referido, com o poema Trovas À Morte de
D. Inês de Castro. Os versos retratam o caso de maneira particularizada, por um
lado dando relevância a certa irresponsabilidade do par amoroso, por outro,
livrando a culpa de D. Afonso IV, pai de D. Pedro. Explique, utilizando
elementos do poema, como podemos chegar a tal conclusão.
Garcia Resende trata no poema, Trovas À Morte de D. Inês de Castro versos extremamente poéticos que particularizam momentos da vida e morte deste amor proibido, pois ele descreve falas e narrativas que podemos observar claramente quando Inês aponta o seu destino de morte.
contidas no Cancioneiro Geral, é quem inicia, na Literatura Portuguesa, o
tratamento poético do episódio acima referido, com o poema Trovas À Morte de
D. Inês de Castro. Os versos retratam o caso de maneira particularizada, por um
lado dando relevância a certa irresponsabilidade do par amoroso, por outro,
livrando a culpa de D. Afonso IV, pai de D. Pedro. Explique, utilizando
elementos do poema, como podemos chegar a tal conclusão.
Garcia Resende trata no poema, Trovas À Morte de D. Inês de Castro versos extremamente poéticos que particularizam momentos da vida e morte deste amor proibido, pois ele descreve falas e narrativas que podemos observar claramente quando Inês aponta o seu destino de morte.
Qual será o coração
tão cru e sem piedade,
que lhe não cause paixão
uma tão grã crueldade
e morte tão sem razão?
Triste de mim, inocente,
que, por ter muito fervente
lealdade, fé, amor
ao príncipe, meu senhor,
me mataram cruamente!
Nos primeiros versos se descrevem o seu amor inocente de menina, visto que sua formosura e virtudes fizeram desabrochar uma tão forte paixão que se entrega de tal forma em dizer:
Dei-lhe minha liberdade,
não senti perda de fama;
pus nele minha verdade,
quis fazer sua vontade,
sendo mui formosa dama.
Por m’estas obras pagar
nunca jamais quis casar;
pelo qual, aconselhado
foi el-rei qu’era forçado,
pelo seu, de me ma
Ao rei D. Afonso IV Inês faz grande suplica de piedade, lembrando-o do seu inocente amor pelo príncipe D. Pedro (pois o seu único pecado foi o amor) Inês argumenta relembrando-o de que seus filhos merecem a oportunidade de serem criados pela mãe, pois estes são seus netos, e eleva a tão grande tristeza do príncipe (D. Pedro) ao saber da morte dela.
tão cru e sem piedade,
que lhe não cause paixão
uma tão grã crueldade
e morte tão sem razão?
Triste de mim, inocente,
que, por ter muito fervente
lealdade, fé, amor
ao príncipe, meu senhor,
me mataram cruamente!
Nos primeiros versos se descrevem o seu amor inocente de menina, visto que sua formosura e virtudes fizeram desabrochar uma tão forte paixão que se entrega de tal forma em dizer:
Dei-lhe minha liberdade,
não senti perda de fama;
pus nele minha verdade,
quis fazer sua vontade,
sendo mui formosa dama.
Por m’estas obras pagar
nunca jamais quis casar;
pelo qual, aconselhado
foi el-rei qu’era forçado,
pelo seu, de me ma
Ao rei D. Afonso IV Inês faz grande suplica de piedade, lembrando-o do seu inocente amor pelo príncipe D. Pedro (pois o seu único pecado foi o amor) Inês argumenta relembrando-o de que seus filhos merecem a oportunidade de serem criados pela mãe, pois estes são seus netos, e eleva a tão grande tristeza do príncipe (D. Pedro) ao saber da morte dela.
“Não possa mais a paixão
que o que deveis fazer;
metei nisso bem a mão,
qu’é de fraco coração
sem porquê matar mulher;
quanto mais a mim, que dão
culpa não sendo razão,
por ser mãe dos inocentes
qu’ante vós estão presentes,
os quais vossos netos são.
“E tem tão pouca idade
que, se não forem criados
de mim, só com saudade
e sua grande orfandade
morrerão desamparados.
Olhe bem quanta crueza
fará nisto Voss’Alteza,
e também, senhor, olhai
pois do príncipe sois pai,
não lhe deis tanta tristeza.
“Lembre-vos o grand’amor
que me vosso filho tem,
e que sentir grã dor
morrer-lhe tal servidor
por lhe querer grande bem.
Que, s’algum erro fizera,
fora bem que padecera
e qu’estes filhos ficaram
orfãos tristes e buscaram
quem deles paixão houvera;
“Mas, pois eu nunca errei
e sempre mereci mais,
deveis, poderoso rei,
não quebrantar vossa lei,
que, se morro, quebrantais.
Usai mais de piedade
que de rigor nem vontade,
havei dó, senhor, de mim,
não me deis tão triste fim,
pois que nunca fiz maldade!”
O rei, D. Afonso IV sente compaixão de Inês, mas acaba por contra a sua vontade ordenar a morte de Inês. O rei é claramente inocentado neste poema, quando observamos a fala do cavaleiro citado nos versos abaixo;
Com seu rosto lagrimoso,
co propósito mudado,
muito triste, mui cuidoso,
como rei mui piedoso,
mui cristão e esforçado.
Um daqueles que trazia
consigo na companhia,
cavaleiro desalmado,
de trás dele, mui irado,
estas palavras dizia:
“-Senhor, vossa piedade
é digna de reprender,
pois que, sem necessidade,
mudaram vossa vontade
lágrimas duma mulher.
E quereis qu’abarregado,
com filhos, como casado,
estê, senhor, vosso filho?
De vós mais me maravilho
que dele, qu’é namorado.
“Se a logo não matais,
não sereis nunca temido
nem farão o que mandais,
pois tão cedo vos mudais
do conselho qu’era havido.
Olhai quão justa querela
tendes, pois, por amor dela,
vosso filho quer estar
sem casar e nos quer dar
muita guerra com Castela.
“Com sua morte escusareis
muitas mortes, muitos danos;
vós, senhor, descansareis,
e a vós e a nós dareis
paz para duzentos anos.
O príncipe casará
filhos de benção terá,
será fora de pecado;
qu’agora será anojado,
amanhã lh’esquecerá.”
Apesar de comovido o rei D. Afonso IV é convencido, quando o cavaleiro atribui culpas ao amor destes no destino do povo e de seu trono, pois os filhos de Inês e D. Pedro são herdeiros. Neste momento o rei se vê forçado aos argumentos do cavaleiro e entrega em suas mãos a sorte de Inês;
E ouvindo seu dizer,
el-rei ficou mui torvado
por em tais estremos ver,
e que havia de fazer
ou um ou outro, forçado.
Desejava dar-me vida,
por lhe não ter merecido
a morte nem nenhum mal:
sentia pena mortal
por ter feito tal partida.
E vendo que se lhe dava
a ele tod’esta culpa,
e que tanto o apertava,
disse àquele que bradava:
“-Minha tenção me desculpa.
Se o vós quereis fazer,
fazei-o sem mo dizer,
qu’eu nisso não mando nada,
nem vejo essa coitada
por que deva de morrer.”
No último verso deste poema, podemos observar a crueldade dos cavaleiros em grande ira detalhada pela narração de Inês.
Dous cavaleiros irosos,
que tais palavras lh’ouviram,
mui crus e não piedosos,
perversos, desamorosos,
contra mim rijo se viram;
com as espadas na mão
m’atravessam o coração,
a confissão me tolheram:
este é o galardão
que meus amores me deram.
Disponível em: http://www.triplov.com/poesia/garcia_de_resende/index.htm - Acesso em: 10 fev. 2010.
Disponível em: http://blog.controversia.com.br/2009/02/23/ines-de-castro-a-rainha-morta/ - Acesso em: 10 fev. 2010.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%AAs_de_Castro - Acesso em: 10 fev. 2010.
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