sexta-feira, 21 de maio de 2010

Passo - 01

Passo 1 - A partir da leitura dos três sonetos abaixo, indique e justifique em que
linha da obra de Bocage, dentre as que acabamos de descrever, cada um deles se enquadraria. Para ler mais alguns sonetos do autor:
http://www.culturabrasil.pro.br/bocagesonetos.htm Acessado em 06 de dezembro de 2009.

Este é um soneto que faz parte da poesia pré-romântica de Bocage pois o tema é sentimental (é o desabafo de um homem apaixonado para a noite); existe a presença do eu-lírico com um tom declamatório ( o poeta prefere a noite ao dia, o escuro ao claro e descobre em meio à subjetividade, o sentimento de mistério e egocentrismo); há um desespero íntimo expressado pelo locus horrendus (retrato da morte, noite, escuridão, fantasmas, etc).

Oh retrato da morte, oh Noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.

O soneto de Bocage a seguir, faz parte de sua poesia lírica, pois há a presença do locus amoenus (o poema se passa no campo, um lugar paradisíaco); se trata de um tema bucólico e pastoril; há presença de elementos da mitologia Grega (Zéfiros – divindade dos ventos)

Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Que bom que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-te! Olha não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali, beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

O soneto seguinte se enquadra na poesia erótica e satírica de Bocage, mais especificamente a satírica, pois se aproxima da Cantiga de Escárnio, o poeta ofende a dama sem nomeá-la (chama-a de malígno dragão, cruel harpia, monstro, etc e sutilmente a manda para o inferno.)

Tu, maligno dragão, cruel harpia,
monstro dos monstros, fúria dos infernos,
que em vil murmuração, ralhos eternos
Estragas sem descanso a noite, e o dia:

Tu, que nas horas em que o mocho pia,
Caluniaste meus suspiros ternos,
Sacode a carga de noventa invernos
Nas descarnadas mãos da morte fria:

Cai de chofre no báratro profundo,
Cai nas entranhas da voraz fornalha,
Deixa em sossego o miserável mundo:

E entre a maldita, réproba canalha,
Lá bem longe de nós, lá bem no fundo,
Arde, murmura, amaldiçoa, e ralha.



BIBLIOGRAFIA:

Disponível em: http://www.culturabrasil.pro.br/bocagesonetos.htm - Acesso em: 20 mar. 2010.

Disponível em: http://www.infopedia.pt/$zefiros - Acesso em: 20 mar. 2010.

Disponível em: http://www.prof2000.pt/users/lrdp/anal.poembc.htm - Acesso em: 20 mar. 2010.

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